sexta-feira, 13 de abril de 2007

MADRIGAL MELANCÓLICA

O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza

O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas

O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz

O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é A VIDA !!!

-- Manuel Bandeira --

2 comentários:

Vania Reis disse...

muito bonito o poema...
consigo o interpretar de 3 maneiras diferentes, e revejo os meus sentimentos numa dessas maneiras...
***

Sand* disse...

Mt bom, de facto ;) Gostei.
Continua a mostrar a poesia, em todas as suas formas, em todos os seus dialectos, com todo o tipo de sentimentos, palavras, emoções... Aliás, poesia é isso mesmo, uma mistura disto tudo!

kiss*