sábado, 12 de abril de 2008

o principezinho

Sem grandes comentários, apenas apontamentos, deixo-vos aqui uma coisa que já não é novidade: parte de uma entrevista ao jovem príncipe da SONAE, Tomás Azevedo.

Atenção que quem he chamou príncipe foi a Visão, não eu...mera escrava do mercado de trabalho que paga 600 euros aos trabalhadores qualificados que fazem pela vida.

Esta é a minha parte preferida da conversa, até porque o resto não passa de uma auto-biografia cor-de-rosa e presunçosa. Para quem quiser conferir e contextualizar a cena que se segue, aqui fica o link:
http://clix.visao.pt/Actualidade/Economia/Pages/entrevistatomasazevedo.aspx.

(...)

Fala muito de ricos e pobres, da exclusão social. Há muitos licenciados que são caixas de supermercado…

Porque a economia portuguesa não conseguiu adaptar-se às exigências do mundo actual e não consegue absorver as pessoas qualificadas. A grande culpa é de quem não soube aproveitar o dinheiro que a EU deu para reconstruirmos a economia com base no conhecimento e não na mão-de-obra barata.

E sabe quanto ganha um caixa de supermercado? Aceitava trabalhar como operador de caixa?

Se me desafiassem para ir conhecer o negócio do retalho como um anónimo que dá o seu contributo e a cara perante o cliente, aceitava o desafio. Mas sinto – e muitos têm o direito de sentir – que posso contribuir mais para a criação de valor do grupo e para o país, se puder usar mais o cérebro e menos o físico. Mas um caixa deve ganhar 600 euros líquidos.

Acha bem?

Nem bem nem mal, é o país que temos, que é mau. No século XXI, numa sociedade civilizada e inserida na UE, 600 euros só se justifica porque a economia tem tanta incapacidade de absorver as pessoas, que há quem aceite trabalhar por 600 euros. (o desemprego é bem pior, rapaz...)

O Tomás não aceitaria?

Em circunstâncias diferentes claro que sim. Se tivesse nascido num meio menos privilegiado teria de lutar pela vida. Mesmo assim tenho. Mas não resolve atacar os grupos económicos: os bancos, porque ganham muito dinheiro, pagam muito poucos impostos e maltratam quem lá trabalha; a Sonae porque paga mal aos seus funcionários e exige que eles trabalhem ao domingo… Esta discussão não existiria nos Estados Unidos, porque aí há muito mais consciência que é preciso fazer pela vida. Enquanto cá acham que o Estado é que deve fazer isso tudo por eles. (já não basta ganhar só 600 euros ainda temos de trabalhar ao fim-de-semana. Eu volta e meia trabalho, porque tenho folgas rotativas, que se não as tivesse estaria a fazer pela vida só de 2a a 6a, mas pronto...)

[Se a caixa registradora fosse da Apple e tivesse net sem fios...ainda vá que não vá]

Quando um licenciado aceita ser caixa de supermercado está a fazer pela vida. Ou não?

Com certeza. Tenho imenso respeito pelas pessoas que trabalham. O problema é a quantidade de portugueses que não querem trabalhar. Ainda recentemente uma notícia dava conta de uma empresa em Guimarães [a Amtrol-Alfa, multinacional americana] que não conseguia arranjar trabalhadores. E um licenciado que trabalha por 600 euros/mês, claro que é alguém que faz pela vida. É também verdade que 600 euros pode não ser a remuneração adequada para alguém com qualificação superior. Mas também é verdade que se essa pessoa não estivesse inserida num grande retalhista, como a Sonae ou a Jerónimo Martins, por exemplo, e tivesse, em alternativa, de trabalhar numa mercearia, as probabilidades de progredir na carreira eram muito inferiores. Na Sonae, se for bom e merecer, sobe na hierarquia. Tendo em conta que a geração de valor de um trabalhador da sonae é muito superior ao pib per capita em Portugal, embora a Sonae pague mal aos seus colaboradores, não paga pior do que os seus concorrentes. E paga melhor do que a média das empresas portuguesas. (pelo menos admite que a SONAE paga mal e se paga mal, não interessa se é mais ou menos que os concorrentes, é mal...e se alguém qualificado merece mais de 600 euros, porque é que só ganha 600 euros?...)

(...)

Perante isto só posso concluir uma coisa: sou mesmo pobre! Mas pelo menos não tão idiota...

2 comentários:

Angelo Gomes disse...

"lutar pela vida"... sabe lá esse menino o k é a vida. a esperança de "subir na carreira" não enche barriga! ainda por cima so se consegue comprar da marca Continente.... temos de apredender a manejar os cotovelos; todo o encanto da vida de desvanecerá

GV disse...

Ola Daniela ora diz me o teu email para eu poder responder a este post!